17-0, ou como Mourinho se estreou no Belenenses
O Belenenses é um enorme clube. Da sua história fazem parte grandes e pequenos episódios de entre os quais destaco no âmbito desta conversa o facto do clube se encontrar associado a estreias - nem sempre felizes para a nossa camisola - de grandes jogadores e grandes treinadores, há época ainda jovens promessas que mais tarde se revelariam grandes figuras da história do futebol universal.
Pelé estreou-se na 1ª categoria num jogo entre um misto Vasco/Santos e o Belenenses, vencido pelos brasileiros por 6-1, com hat-trick seu. Muitos anos depois, em Agosto de 1993, seria a vez de Ronaldo "fenómeno", que no Restelo esteve na vitória do Cruzeiro sobre o Belenenses por 0-2, assinalando o seu primeiro de muitos golos no escalão sénior...
Outra estreia - ou estreias, como veremos - relevante foi a de José Mário dos Santos Mourinho Félix, hoje conhecido por José Mourinho, e que entrou na maior vitória do Belenenses em jogos da Taça de Portugal ocorrida a 7 de Novembro de 1982, no Restelo, frente ao Vila Franca do Campo. O resultado foi de 17-0 e Mourinho apontou 3 golos (aos 47', 80' e 88').
O Belenenses, treinado pela dupla Félix Mourinho e Fernando Mendes, disputava nesse ano a II Divisão e acabaria por cair na ronda seguinte, também com estrondo, ao perder no Bessa frente ao Boavista por inequívocos 4-0.
Muitos anos mais tarde, em Outubro de 2000, Mourinho dava os seus primeiros passos como treinador principal e ao serviço do Benfica obteve apenas ao terceiro jogo nessa condição a sua primeira vitória (1-0) precisamente frente ao Belenenses orientado por Marinho Peres (golo de Marchena aos 32 minutos).
Regressando a 1982 é curioso que o Diário de Lisboa de 8 de Novembro refere a propósito dos 17-0 que "os moços dos Açores até jogaram com botas emprestadas", coisa de outros tempos que não explica o volume do resultado, mas ilustra um Portugal que pouca relação tem com o de hoje, em especial no que ao futebol diz respeito.
Mourinho, que cresceu no Restelo, tem ligação umbilical ao nosso clube, pese embora seja o Vitória FC, da sua terra Natal - Setúbal - o clube que identifica como o do seu coração.
O Belenenses, que é clube que não tem meia-dúzia de anos, nem sequer meia-dúzia de anos de presença ao mais alto nível, tem na sua história participação activa em inúmeras circunstâncias como estas aqui narradas. Muitas vezes perdemos, muitas outras ganhamos, é a vida. Cem anos não são cem dias. Seria bom que quem tanto desrespeita o nosso emblema tivesse consciência da sua grandeza global e inolvidável.
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