2015



Ano tramado. Chamar-lhe-ia annus horribilis, mas até o mais horrível dos anos transporta em si coisas de que não mais nos esqueceremos. O meu momento marcante do ano aconteceu no verão: eu e a Catarina, nas ondas de um levante puxado, aproveitando a água quente e turva de uma praia no Algarve. Ou então o Henrique subindo sozinho a granitos - e troncos tombados - de respeito na Serra de Sintra. Eu e a Célia de bocas abertas, olhando o destemor do rapaz.

De resto li que me fartei. Li coisas maravilhosas - o Evangelho, de Saramago, "O Ano da Morte de Ricardo Reis", do mesmo autor, o "Memória de Elefante", do Lobo Antunes, "Os filhos dos homens", de P.D.James, os romances mais recentes do Afonso Cruz - e outras bem menos entusiasmantes. Em 2016 viro a página e não procurarei páginas do sofrimento humano.


Também ouvi muita música e tive a boa fortuna de ver finalmente ao vivo o Steven Wilson (uma brutalidade de concerto, meus amigos... puro talento, pura inspiração, pura entrega). Ficam a faltar-me os Pearl Jam (coisas por resolver desde a adolescência) e o Peter Gabriel, claro. Não hei-de morrer sem ouvir "Secret World" ao vivo e a cores. Foi um ano de prog, metal, prog, synthpop, jazz, prog, blues e música portuguesa de todos os géneros. E prog, claro.

Voltei à natação e a coisa não correu bem, confesso. Regressar ao Algés foi um prazer mas também um reviver de aspectos marcantes da minha adolescência que a prudência aconselhava serem tratados de forma mais recatada.

A PAF pifou, já não era sem tempo. Foi um momento bonito num ano de merda.


Poderia de facto chamar a 2015 um annus horribilis porque o foi, de facto. Acontece que não teria tanta vontade de chegar a 2016 se 2015 não tivesse passado por mim. Fica com esse mérito, o cabrão.

Venha 2016, sem mais demoras. E que pelo meio - ou no entretanto - todos tenhamos um Natal decente, com quem mais gostamos.

Boas festas e um 2016 cheio de saúde.

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