"Belém! Belém! Belém!", ou o dia em que jurámos ser felizes (outra vez)
Ontem os sócios do Belenenses ficaram a saber que não apenas o clube não deve um cêntimo à Segurança Social e à Fazenda Pública como também já não tem qualquer dívida à Oitante/Banif nem existe penhora alguma sobre o Estádio do Restelo. O passivo do Clube ficou assim reduzido em 50% e a situação do Belenenses, naturalmente marcada pelas dificuldades que atravessam todos os clubes de vocação associativa-popular, não de agonia como acontecia há alguns anos atrás.
Mais: durante a Assembleia Geral de Sócios foi tomada a decisão de retificar a venda dos últimos 10% de acções da sociedade anónima desportiva constituída pelo Clube em 1999, ficando assim cortada toda e qualquer ligação formal ou informal entre o Belenenses e a sociedade comercial que joga na zona da Cruz Quebrada, entre o Jamor e a "Cidade do Futebol". A decisão foi tomada aliás por uma percentagem próxima dos 100% dos sócios presentes.
Recorde-se que decisão de vender remonta ao Verão de 2018, quando em Assembleia Geral de Sócios foi votada a proposta de alienação das acções ainda em posse do Clube. Assim, o que ontem a Assembleia Geral votou não foi a venda, mas apenas a confirmação dos termos da mesma.
A B-SAD, ou Codecity SAD, ou BFS-SAD, não tem hoje qualquer relação com o Belenenses. Já havia perdido os adeptos e a possibilidade de jogar no Restelo; já havia perdido o respeito dos sócios e de boa parte do "país desportivo"; já havia fugido para o Jamor, criado escalões de formação no futebol e anunciado a intenção de formar a sua própria equipa de Futsal. Pois bem, a partir da noite de ontem nenhum desses assuntos diz já respeito ao Belenenses, directa ou indirectamente.
Fica por resolver a desobediência relativamente à decisão judicial, confirmada nas várias instâncias, incluindo nos tribunais da relação e constitucional, relativa à utilização da "marca", dos símbolos e de todos os elementos que promovam a confundibilidade entre o Belenenses e a B-SAD. Estou certo - creio que estamos certos - de que não apenas se resolverá como a B-SAD terá que responder por muitos e muitos meses de utilização do nome do Belenenses no quadro da sua actividade comercial.
A dúvida agora é se a B-SAD percebe finalmente que chegou ao fim da linha o seu desafio ao Belenenses e aos seus sócios - que visivelmente não compreendeu nem procurou compreender - ou se com alguns apoios internos (os do costume) continuará o caminho de desafio a um clube que visivelmente não a deseja e que, pelo contrário, pretende uma separação imediata e irreversível.
Fui e sou um belenenses muito orgulhoso da minha pertença a este colectivo de homens e mulheres corajosos, que dão diariamente uma resposta ímpar - sublinho: ímpar, sem paralelo em Portugal - aos desafios de uma luta em várias frentes para a qual têm poucos ou nenhuns apoios. O que se passou ontem no Topo Sul da nossa casa, o Estádio do Restelo, foi um episódio histórico de magnitude nacional e internacional, que projecta o Belenenses mais uma vez como clube pioneiro dentro e fora do campo. E o meu orgulho belenenses saiu uma vez mais reforçado.
Belém! Belém! Belém!
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