Militância, dedicação e amor

De entre os muitos belenenses da primeira hora, aqueles que estiveram na fundação do Clube e na sua afirmação primeiro em Lisboa e depois no país e no mundo, há um nome poucas vezes referido e por muitos belenenses mais jovens ignorado: Joaquim José de Almeida.
Estreou-se pelo Belenenses em 1924/1925 tendo alinhado nas grandes equipas azuis que venceram os primeiros títulos de Lisboa e de Portugal, campeonatos de Portugal, ou seja nacionais. Que outros não os reconheçam é problema apenas seu. O Belenenses tem quatro títulos de campeão de Portugal. Estão no nosso museu e na história do futebol português.

Joaquim Almeida encontra-se assinalado na imagem, tendo à sua esquerda (à direita, na imagem) José Manuel Soares, o "Pepe".

Joaquim de Almeida jogou oito épocas pelo Belenenses, o seu Clube. Mas não foi apenas jogador, foi um belenense de valor, 23º sócio honorário do nosso Clube, reconhecimento que lhe foi concedido - com inteira justiça - no dia 18 de Agosto de 1940, o mesmo dia em que outras grandes figuras do associativismo belenense receberam igual galardão (Artur José Pereira, Alfredo Anacleto, António Maria Ribeiro, Armando Filipe da Silva, Artur Queiroz, Augusto Silva, Cândido de Oliveira, César de Matos, Francisco Mega, Joaquim Rio, José António da Silva e Jerónimo José Morais).
É bom recordar aqueles que amaram o Belenenses com toda a sua alma num momento em que gestos de puro belenensismo são atacados por quem não compreende o Clube e a sua história ímpar. Sim, os construtores do clube e do seu património - imaterial mas também material - foram os sócios, os dirigentes e os atletas, que muitas vezes eram eles mesmo associados do Clube.
A consulta da edição de 24 de Abril de 1937 do periódico Comércio da Ajuda, na qual se publicam duas páginas e meia às obras de arrelvamento do campo (o primeiro relvado permanente para prática do futebol em Portugal) e melhoria do Estádio José Manuel Soares (antigo "Campo das Salésias"), é bem esclarecedora no que se refere à participação de atletas do Clube nesse esforço de contínua melhoria das suas condições de treino e de competição.
Leia-se, a propósito precisamente de Joaquim de Almeida, a seguinte observação: "E deixámos para o fim, propositadamente, a referência a Joaquim de Almeida, o popular Cachon, velha relíquia de jogador, que durante tantos anos foi componente valioso e desinteressado do team de Honra. A obra deste homem é sobejamente conhecida. As suas horas de folga, após o arduo dia de trabalho, destina-as ele à colectividade. Recordamo-nos de o ver várias vezes, quinze minutos antes de principiar um jogo em que deveria participar, andar atarefadíssimo pelo campo trabalhando incessantemente. Era quase necessário levá-lo para a cabine para que se equipasse... Deixou de jogar, atraiçoado pelos anos, que imperdoavelmente se vão acumulando sobre a sua cabeça, mas o seu entusiasmo pelo seu Clube continuou. Lá o encontramos, trabalhando como os que trabalham, esquecendo até as suas refeições. Um Clube que conta com homens desta têmpera é capaz dos maiores cometimentos. Salvé Belenenses!".
Não pude deixar de recordar Joaquim de Almeida quando vi as imagens de atletas da segunda modalidade mais antiga do Clube - o atletismo - contribuindo activamente (como Joaquim de Almeida nos anos 20 e 30) para o engrandecimento do Belenenses. Porque realmente "um Clube que conta com homens desta têmpera é capaz dos maiores cometimentos". Obrigado!



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