Oito livros para a quarentena



Depois de lavar as mãos não há objecto mais limpinho do que um livro para devorar. Estas são as minhas oito sugestões para a quarentena:

1. Parque Jurássico, Michael Crichton
Quando comecei a ler "Parque Jurássico", livrinho que comprei como "oportunidade" de preço reduzido numa feira do livro, não sabia no que me estava a meter. Cinquenta páginas depois já me tinha rendido e, no final do livro, estava convencido de que tinha lido a obra de ficção especulativa ("científica", se quiserem) mais extraordinária. Depois disso já li muita ficção especulativa, mas "Parque Jurássico" continua a minha obra preferida dentro do género.

2. Stoner, de John Williams
O meu livro preferido. Sem palavras.

3. Spartacus, Howard Fast
Recebi-o das mãos do meu avô quando tinha nove anos. Na primeira página a seguinte dedicatória: "Para o Vasco, com a lembrança da luta permanente do Homem contra os opressores de todos os tempos. Páscoa de 1987". Só muito mais tarde, talvez aos 18 anos, li a obra que Fast iniciou quando se encontrava preso pelo mccartismo, por actividades de apoio a familiares dos republicanos espanhóis.

4. O ano da morte de Ricardo Reis, José Saramago
Absolutamente imperdível. Uma das obras primas da literatura portuguesa, um retrato impressivo da Lisboa do início do fascismo salazarista. Li-o de um folgo só. Reli-o de um folgo só. É capaz de "marchar" novamente nos próximos dias.

5. A praia, Alex Garland
Há três livros pré-internet que não me canso de aconselhar: "A praia", "Clube de combate" e "Geração X". Se tivesse de optar por um deles, "A praia" seria sempre a escolha.

6. Floresta é o nome do mundo, Ursula K. Le Guin
A história de "Avatar" mas em bom. Aliás, em muito bom. Provavelmente o livro de ficção especulativa que mais gostei de ler nos últimos anos, centrado em temas que me falam directamente ao coração: a luta pela justiça e contra a opressão, a ecologia, a violência e o choque de culturas.

7. Os filhos dos homens, P.D. James
Não confundir do E.L. James, por favor. "Os filhos dos homens" é um livro que procurei obsessivamente ao longo de anos. Um dia encontrei-o numa caixa de fruta cheia de livros a 1,00€. Quando o comecei a ler percebi de imediato que se tratava de literatura de ingestão difícil, como um vinho demasiado encorpado para se beber em goles generosos. Está claramente na minha lista de preferidos. Aconselho-o muitísimo.

8. A felicidade paradoxal, Gilles Lipovetsky
Trata-se da única obra "não ficção" desta lista. Retomo a sua leitura porque o tema está intimamente ligado com o single "Personal shopper" lançado esta semana por Steven Wilson, no contexto da promoção do disco que será lançado em breve, "The future bites". O livro trata do consumo - do hiperconsumo - e da forma como este dá sentido às nossas vidas.

Boas leituras e mãos lavadas.

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