"Crime e costume na sociedade selvagem"
Há uns meses comprei "Crime e costume na sociedade selvagem", um livrinho/brochura do antropólogo Bronislav Malinowski (1884-1942) que centrado no exemplo dos melanésios das Ilhas Trobriand, a oriente da Nova Guiné, pretende desmentir a hipótese de um comunismo "primitivo" espontaneamente levado à prática pelos "selvagens" daquelas paragens do globo terrestre.
O livro, de 1926, deve ser lido à luz dos valores e perspectivas desse tempo, caso contrário choca pela linguagem depreciativa e preconceituosa relativamente às gentes "selvagens" da Melanesia. Seja como for é interessante e, para lá do debate académico-ideológico no quadro do qual Malinowski procurou por todas as formas combater o funcional-estruturalismo como abordagem teórica mais ajustada à realidade das ilhas e das suas diferentes famílias e clãs.
Para Malinowski, na sua visão "funcionalista", o que a observação directa (e participativa) dos hábitos e costumes dos ilhéus de Trobriand demonstra é que não apenas não existiu nenhuma forma de "comunismo primitivo" como deu força à sua convicção de que os melanésios faziam assentar a sua convivência colectiva na ideia - e na prática - da reciprocidade (aliás, o capítulo 9 da obra tem como título "A reciprocidade como base da estrutura social").
Não tenho dúvidas que a tese de Malinowski visou sempre enfraquecer quaisquer teses que buscassem para o marxismo legitimação na vida das comunidades com formas de viver mais próximas da chamada "pré-história". Nesse tentativa foi, muito mais do que observador e estudioso, agente activo e participante. Seja como for, a ideia de "reciprocidade" de Malinowski seria hoje um quase marxismo - uma heresia no contexto do ultraliberalismo imperante -, observado a partir de um contexto social em colapso e sem qualquer desejo ou procura da reciprocidade (da mutualização) como factor presente nas relações individuais e/ou colectivas das actuais comunidades humanas.
O livro, de 1926, deve ser lido à luz dos valores e perspectivas desse tempo, caso contrário choca pela linguagem depreciativa e preconceituosa relativamente às gentes "selvagens" da Melanesia. Seja como for é interessante e, para lá do debate académico-ideológico no quadro do qual Malinowski procurou por todas as formas combater o funcional-estruturalismo como abordagem teórica mais ajustada à realidade das ilhas e das suas diferentes famílias e clãs.
Para Malinowski, na sua visão "funcionalista", o que a observação directa (e participativa) dos hábitos e costumes dos ilhéus de Trobriand demonstra é que não apenas não existiu nenhuma forma de "comunismo primitivo" como deu força à sua convicção de que os melanésios faziam assentar a sua convivência colectiva na ideia - e na prática - da reciprocidade (aliás, o capítulo 9 da obra tem como título "A reciprocidade como base da estrutura social").
Não tenho dúvidas que a tese de Malinowski visou sempre enfraquecer quaisquer teses que buscassem para o marxismo legitimação na vida das comunidades com formas de viver mais próximas da chamada "pré-história". Nesse tentativa foi, muito mais do que observador e estudioso, agente activo e participante. Seja como for, a ideia de "reciprocidade" de Malinowski seria hoje um quase marxismo - uma heresia no contexto do ultraliberalismo imperante -, observado a partir de um contexto social em colapso e sem qualquer desejo ou procura da reciprocidade (da mutualização) como factor presente nas relações individuais e/ou colectivas das actuais comunidades humanas.
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