Lay-Off? O "futebol-negócio" a ser Padaria Portuguesa.

A situação extraordinário relacionada com a pandemia do Coronavirus/Covid-19 exigiu de todos os cidadãos e das instituições públicas e privadas em geral uma rápida adaptação a um contexto totalmente novo. O desporto - e dentro deste os clubes e as sociedades comerciais que actuam no plano da "indústria" do futebol-negócio - também se viu forçado a tomar medidas, que passaram desde logo pela correcta suspensão das competições desportivas.

Surge agora em Portugal o recurso de uma sociedade comercial (a "B" SAD) ao regime de lay-off, que é fundamentalmente um mecanismo de suspensão temporária dos contratos de trabalho, com redução drástica do vencimento dos trabalhadores e recurso a apoios públicos para o pagamento da pequena parte desses vencimentos que lhes é devida.
É mais um exemplo da fragilidade evidente - agora posta ainda mais a nú - das sociedades comerciais do futebol, incluindo das privatizadas, como é o caso da "B" SAD. Um mês depois da interrupção da competição - recorde-se que a última jornada disputada foi no fim-de-semana de 7 e 8 de Março - sociedade supostamente capitalizadas, saudáveis, detentoras de capital e almofada financeira, começam a recorrer ao Estado para o pagamento de salários aos seus atletas e demais trabalhadores. Dá que pensar.
Naturalmente que existiam outras opções. Mas o recurso ao Estado e à Segurança Social é a mais confortável para as entidades patronais, como bem referia o economista Ricardo Cabral em declarações ao Negócios: "uma empresa que consegue pagar os salários mas tem um incentivo do Estado a dizer para pôr os trabalhadores em lay-off pagando só 30% dos salários", "na prática o Estado está a dar dinheiro aos acionistas para pôr os trabalhadores em lay-off".
Será agora interessante perceber se o regime de Lay-Off que alivia a tesouraria das "SAD" do futebol tem consequências na efectiva suspensão temporária dos contratos de trabalho. Ou se, pelo contrário, os profissionais de futebol mantêm no fundamental a sua actividade subordinada à entidade patronal, ainda que naturalmente limitada pelo Estado de Emergência e pelas regras de saúde pública em vigor.
O "futebol-negócio" a ser Padaria Portuguesa. Faz sentido.

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